Talvez uma das coisas que mais gostei na Finlândia é a excelente recepção à estrangeiros. Logo depois de ter meu visto de residência, tive uma entrevista no TE Toimisto (uma Secretaria de Trabalho) e a minha “agente” lá me acompanha desde então para o que eu precisar. Em nossa primeira conversa (que teve uma tradução para o português), ela perguntou sobre meus estudos, conhecimento em outros idiomas experiência profissional, etc. Ela também fez uma espécie de encaminhamento para o Kela (Serviço Social da Finlândia) para que eu pudesse receber um benefício enquanto aguardo por um emprego. Na verdade, eu recebo uma espécie de “seguro desemprego”, por estar esperando por um emprego, e mais uma ajuda de custo (para alimentação e transporte) pelos dias que estou estudando a língua finlandesa. E ao final agendou um teste de idioma para que eu pudesse ingressar nas aulas de finlandês oferecidas pelo governo.
O teste é dividido em duas etapas: entrevista e teste de conhecimento linguístico e do finlandês. Não é muito fácil, mas é um formato novo que o país está adotando, especialmente depois deste tão falado “boom” de pessoas refugiadas se mudando para vários países, também a Finlândia, de forma a direcionar os estrangeiros para aulas básicas ou avançadas.
Ou seja, basicamente, com menos de seis meses morando na Finlândia eu tenho acesso à saúde, um certo auxílio financeiro e aulas do idioma local… Tudo de graça! Se existe algo que a gente tem que fazer em troca? Saúde entra como básico do básico, então não. Para o auxílio financeiro eu preciso continuar aberta às ofertas de emprego, mesmo que eles saibam que eu só vou conseguir (e procurar) um bom emprego quando souber falar o tal finlandês (especialmente porque não moro em Helsinque). E, no caso do idioma, algo que você tem que dar em troca é basicamente estar presente todos os dias na aula. E você ainda ganha fichário, lápis, borracha, livro de estudo, certificado do curso, estágio, curso de segurança ou higiene (dependendo da área de estágio)…
Bom, então no finalzinho da semana retrasada recebi uma ligação do meu contato no TE e ela me disse que havia uma vaga na turma avançada que tinha começado em Agosto. Até tinha uma possibilidade de abrirem turmas adicionais durante o outono, mas para quem está a meses em casa, começar agora pareceu bem melhor, claro que topei. E comecei na segunda-feira passada.
Considerando que estou mais ou menos umas 5/6 semanas atrasada em relação à turma, o primeiro dia de aula foi CAÓTICO! Doeu tudo. Cansei todos os meus neurônios, que, ao final da aula, não sabia mais o que era direita ou esquerda. Ah! Não mencionei que, seja na turma básica ou avançada, as aulas são de segunda à sexta-feira das 8h30 às 13h45. Então, lógico que cansa muito estudar uma língua tão… intensamente. Talvez o pior pra mim neste primeiro dia foi este “delay” de quase seis semanas, porque os alunos já estavam de amizades feitas, já falavam alguma coisa em finlandês e a professora fala finlandês o tempo todo. A cabeça sobrecarregou no primeiro dia. Mas ao final da aula tive uma conversa com a professora, peguei o material das aulas de perdi e ela me disse algo, em inglês, que me fez sobreviver os dias posteriores: “take your time“. Claro que eu gostaria de estar falando como os outros alunos, mas eu preciso de um tempinho e esforço adicionais para estudar o que eles já sabem… O segredo: no meu tempo.
Segundo dia de aula, já estava mais “acostumada” às várias horas ouvindo finlandês e, como foram corrigidas algumas atividades e teve uma ligeira explicação sobre o que foi ensinado anteriormente, consegui acompanhar melhor a turma. Chegando em casa, estudei um pouco do que perdi nas aulas anteriores. Terceiro dia foi maravilhoso: passamos pela fábrica de chocolate Panda e fizemos um passeio em Nyrölän, um parque a mais ou menos 20km de Jyväskylä. Foi uma oportunidade de conhecer os outros alunos, de todas as partes do mundo, e mais um pedacinho da região. Aqui vocês podem ter uma ideia do lugar:

Ainda quero voltar lá, aproveitar mais. É um parque com uma trilha curta de 2km até o lago, tem um grill pra poder passar mais tempo lá.. Enfim, bem gostoso o lugar.
No quarto dia de aula: exaustão. A turma já tinha uma prova marcada, combinei com a professora que poderia fazer a primeira prova deles, já que era algo que eu já tinha estudado em casa, e, quando terminei, ela sugeriu se eu queria fazer a mesma prova que a turma estava fazendo. Como eu vinha acompanhando a revisão deles, fiz. Duas provas assim na primeira semana, a cabeça cansou. Mas, no dia seguinte, quando vi o resultado: uma satisfação. Apesar de não ter estudado os verbos em casa e ter assistido somente dois dias de aula da turma, consegui fazer uma boa parte da prova e fiz praticamente tudo certinho. E neste dia também rolou uma visitinha no museu.

Bom, estou na segunda semana… cheia de determinação. Já aprendi bastante coisa: números, cores, alguns verbos, estações do ano, meses, dias da semana, membros da família, etc. Acho que muito em breve vou conseguir arranhar um finlandês por aí. E por causa de toda essa determinação, resolvi dar um novo passo em nossa fanpage no Facebook e Instagram, e criar a “Palavra do Dia“. Sim, vou dividir meus conhecimentos (recém adquiridos) de finlandês com vocês. Acompanhem por lá!
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Espero que dê certo e faça sucesso! Até a próxima!